Mercados asiáticos operam de forma mista após forte alta em Wall Street e leilão fraco de títulos no Japão

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quarta-feira (28), refletindo uma combinação de fatores econômicos e geopolíticos. A decisão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de adiar a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos vindos da União Europeia impulsionou os mercados em Wall Street, mas o fraco desempenho em um leilão de títulos públicos no Japão gerou cautela entre os investidores.

O índice Nikkei 225, de Tóquio, avançou 0,1%, fechando aos 37.757,34 pontos. No entanto, um leilão bastante aguardado de títulos do governo japonês com vencimento em 40 anos, no valor de cerca de 500 bilhões de ienes (equivalente a aproximadamente US$ 3,5 bilhões), apresentou demanda fraca, com um índice de cobertura de apenas 2,21 — o menor nível desde julho de 2024.

O resultado do leilão reforçou preocupações crescentes com o aumento da dívida pública no Japão. Após anos de estímulos monetários por meio da compra massiva de títulos, o Banco do Japão tem reduzido gradualmente essas intervenções, o que tem afetado a procura pelos papéis.

Uma recente emissão de títulos com vencimento em 20 anos também teve baixa adesão. Analistas destacaram, contudo, que a recente consulta enviada pelo Ministério das Finanças japonês aos investidores de títulos foi interpretada como uma tentativa de acalmar o mercado, possivelmente indicando uma redução futura na emissão de dívidas.

Thomas Matthews, da Capital Economics, destacou que a leve queda nos rendimentos dos títulos japoneses no início da semana contribuiu para um breve alívio no mercado. No entanto, segundo ele, “o resultado morno do leilão de JGBs de 40 anos parece ter influenciado negativamente o humor dos mercados globais”.

No câmbio, o dólar subiu frente ao iene japonês, sendo cotado a 144,58 ienes, ante 144,36 ienes no dia anterior. Já o euro recuou para US$ 1,1298, ante US$ 1,1329.

Em outras partes da Ásia, o índice Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,6%, fechando aos 23.240,59 pontos, enquanto o índice Shanghai Composite subiu 0,1%, aos 3.343,00 pontos.

Na Austrália, o S&P/ASX 200 teve leve queda de 0,2%, encerrando o pregão em 8.394,50 pontos. Na Nova Zelândia, o S&P/NZX 50 caiu 1,8% após o banco central reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 3,25%.

O mercado sul-coreano, por sua vez, teve um dia de forte alta. O índice Kospi avançou 1,4%, aos 2.685,44 pontos, impulsionado principalmente pelo desempenho do setor de tecnologia. As ações da Samsung Electronics subiram 3,5%, enquanto os papéis da SK Hynix registraram alta de 2,7%.

Os preços do petróleo também subiram após o término da autorização dos EUA para que a Chevron exportasse petróleo da Venezuela, como parte dos esforços do governo Trump para reduzir a dependência do petróleo venezuelano. O barril do petróleo WTI subiu US$ 0,36, sendo negociado a US$ 61,25. Já o Brent avançou US$ 0,35, cotado a US$ 63,92.

Nos Estados Unidos, os mercados voltaram a operar na terça-feira após o feriado do Memorial Day, e os investidores reagiram de forma otimista ao adiamento das tarifas sobre produtos europeus. O S&P 500 teve alta de 2,1%, o Dow Jones avançou 1,8% e o Nasdaq subiu 2,5%.

As negociações entre Estados Unidos e União Europeia reacenderam esperanças de um acordo comercial, reduzindo o risco de recessão global. No início do mês, Trump já havia anunciado uma suspensão temporária das tarifas sobre produtos chineses, o que também resultou em uma forte valorização das ações em Wall Street.