Fechamento de lojas do Homeplus agita varejo sul-coreano e beneficia rivais E-mart e Lotte Mart
A rede de supermercados Homeplus, em processo de recuperação judicial, confirmou o fechamento de 15 de suas lojas após o fracasso nas negociações de aluguel, gerando uma onda de expectativa no setor varejista. A medida drástica deve beneficiar diretamente suas principais concorrentes, E-mart e Lotte Mart, que já começam a absorver a clientela e esperam um significativo aumento em suas receitas. Em regiões onde lojas foram fechadas, o crescimento nas vendas dos concorrentes próximos já é uma realidade.
A crise se aprofunda e o mercado se reconfigura
De acordo com fontes do setor varejista, o número de hipermercados do Homeplus caiu para 125, após o fechamento da unidade de Sangdong, em Bucheon, no final do mês passado. E a tendência é de mais encolhimento. Para aliviar a pressão financeira enquanto aguarda uma possível fusão ou aquisição (M&A), a empresa anunciou um plano de fechamento sequencial para mais 15 lojas até maio de 2026, todas com impasse nas negociações de aluguel.
Com essa redução acelerada, a projeção é que, até o primeiro semestre de 2026, o Homeplus opere com apenas 106 hipermercados, uma queda de 20 lojas em comparação com o mesmo período de 2025. Diante dos números atuais de suas concorrentes — E-mart com 133 lojas e Lotte Mart com 112 —, a posição do Homeplus no mercado de hipermercados cairá do segundo para o terceiro lugar já no próximo ano, marcando uma mudança significativa no cenário competitivo.
Concorrência se beneficia com fechamentos
Analistas do mercado financeiro preveem que os clientes do Homeplus migrarão naturalmente para as lojas concorrentes mais próximas, gerando um “efeito rebote” positivo para as rivais.
A E-mart, líder do setor na Coreia do Sul, já está sentindo os efeitos positivos. Durante a divulgação de seus resultados do segundo trimestre, a empresa revelou que, após o fechamento da loja do Homeplus em Sangdong, Bucheon, sua unidade próxima, em Jungdong, registrou um aumento de 12% nas vendas. A loja do Homeplus em questão era um ponto de referência na região, tendo operado por mais de 20 anos e chegado a ser a número um em vendas de toda a rede em 2020.
A Lotte Mart também observa um aumento no fluxo de clientes em áreas onde lojas do Homeplus foram fechadas desde o final de maio, e a expectativa é de que esses números continuem a crescer. Segundo Park Sang-jun, pesquisador da Kiwoom Securities, “a concentração de fechamentos do Homeplus no próximo ano deve ampliar os benefícios para os concorrentes, e novas decisões de fechamento podem surgir dependendo do andamento do processo de M&A entre setembro e outubro”.
Um clima de incerteza nas lojas Homeplus
Enquanto a concorrência comemora, o ambiente dentro das lojas do Homeplus que serão fechadas é de apreensão. Em uma visita à unidade de Siheung, em Seul, em um sábado à tarde — horário de pico —, o movimento era relativamente baixo. Apesar de uma grande promoção, apenas a seção de alimentos frescos atraía alguns clientes. Na praça de alimentação, vários espaços estavam fechados e as mesas vazias criavam um clima de desolação.
A lista de lojas a serem fechadas inclui unidades importantes como Siheung, Gayang, Ilsan, Ansan Gojan, Suwon Woncheon, entre outras. Embora as datas exatas ainda não tenham sido definidas para todas, a notícia se espalhou, gerando angústia entre funcionários e lojistas que operam dentro dos hipermercados. Em outra unidade, a de Gayang, os funcionários demonstravam cautela: “Não fomos informados de nada com precisão, então não sabemos de muito”, disse um deles.
O drama dos lojistas e o futuro incerto
Normalmente, o aviso de fechamento é feito com três meses de antecedência. No entanto, para os proprietários de pequenos negócios dentro do Homeplus, como restaurantes e lavanderias, a incerteza torna o planejamento quase impossível. “Eles dizem que nos avisarão três meses antes, mas não sabemos quando receberemos a notificação. Sinto como se estivesse vivendo com os dias contados”, desabafou o dono de um restaurante. “Ver os negócios ao lado já fechando este mês só aumenta a ansiedade.”
Para a maioria dos lojistas, a única opção é esperar. “A diretoria veio explicar a situação, mas não apresentou nenhuma solução concreta. Sem uma alternativa clara, vamos tentar resistir até que o fechamento seja confirmado”, afirmou outro comerciante.
Medidas de sobrevivência e o impacto humano
Em uma tentativa desesperada de se manter operacional, o Homeplus anunciou um plano de “gestão de sobrevivência”. Além dos fechamentos, a empresa está implementando licenças não remuneradas voluntárias e estendendo os cortes salariais de executivos. “Estamos em uma crise de vida ou morte, onde a própria recuperação através do M&A pode ser comprometida”, declarou o co-CEO Cho Ju-yeon. “Não podíamos mais adiar.”
A empresa prometeu realocar os funcionários das lojas fechadas para unidades próximas, garantindo a manutenção dos empregos. Contudo, especialistas alertam para o impacto negativo dessa medida. “Mesmo com a realocação, os trabalhadores podem enfrentar um grande fardo com o aumento do tempo e custo de deslocamento, o que afeta sua subsistência”, analisou Lee Jong-woo, professor de administração da Universidade Ajou. “O problema é ainda maior em áreas rurais, onde a distância entre as lojas é grande, tornando a transferência inviável para muitos.”